DEPRESSÃO
De repente, deixei de sonhar,
deixei de amar
Passei a sofrer... deixei de viver
Deixei de sentir o aroma das
flores
Já não ouvia o sussurro da fonte
Surda fiquei ao gorjeio dos
pássaros
Que ao entardecer cruzavam o
horizonte!
Que vida! Mais um fiapo humano
O colorido crepúsculo, agora era
cinza
Cinza as flores, cinza o céu e o
sol, mesmo ardente
O corpo doente, o espírito
descrente.
Nas alvoradas, mornas madrugadas
Que nos velhos tempos inspiravam
poesias
Chegavam agora apertando o peito,
trazendo agonia.
Lágrimas sentidas marcavam-me a
face
O peito ardia, coração gemia
Em enfermidade prostrou-se o corpo
Espírito em conflito se debatia.
Os lábios calaram-se, nem preces
proferiam
As faces perderam a cor e o brilho
Olhos opacos, imensos vazios
Perdia-se no nada, um infeliz
andarilho
Prostrei-me uma tarde, no duro
chão
Unindo as minguadas forças do meu
coração
Pedi ao Senhor, que me enviasse
uma luz
E me aliviasse o peso da cruz.
Ele me ouviu e nas trevas uma
fresta se abriu
Um fio de luz, uma pálida
esperança...
Um rosto, um sorriso, uma mão
amiga
Estendeu-se a mim como um sopro de
vida
Desvendou-me os olhos e
devolveu-me as cores
Aos poucos consegui retomar os
sabores
Suas sábias palavras me tocaram a
alma
Trazendo a doçura de meus amores
Voltei a sonhar
Voltei a amar
Deixei de sofrer
Voltei a viver
Nessa tarde que agora se finda
Contemplando inebriada, o
espetáculo da vida
Elevo a meu Deus uma prece
comovida
Obrigada Senhor, só agora
compreendo
Em nenhum momento Vós me
abandonastes
Queria apenas desvendar meus olhos
Para que eu mais de perto vos
acompanhasse
Colocastes-me a dor para que eu
reconhecesse o verdadeiro amor
As lágrimas que de meus olhos
rolaram, só me purificaram
Quando pensei que me faltaríeis,
eis que vos encontro e em vosso colo vós me carregastes.
Sei que no recanto mais lindo do
céu
Vós preparastes o mais belo jardim
Para essas pessoas que iluminastes
E que suavizam as dores da vida
Aroma de flores, aquarela de
cores, o mais fino véu
Para
que tenham um repouso sem fim
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