terça-feira, 21 de maio de 2013

Refletindo sobre a nova lei das domésticas

As secretárias do lar comemoram a nova lei a elas aplicada como se fosse algo de muito bom, uma conquista como poucas. Os grupinhos se reúnem para alertarem uma as outras para que fiquem bem atentas com os patrões como se estivessem falando de inimigos que querem prejudicá-las. Mas, será que é isso mesmo? Será que essa nova lei e seus artigos repletos de reivindicações irá mesmo resolver o problema dessa classe trabalhadora que está deixando de fazer parte de uma família onde era amada e respeitada para ser apenas uma profissional repleta de direitos? O que entrevejo, na realidade, é um alto nível de desemprego: pessoas desamparadas, após anos de dedicação pelo simples fato dos patrões não terem condições de arcar com tantas despesas inesperadas.      Quem poderá ter esses profissionais a seu serviço? Certamente não os professores, nem os pequenos empresários e nem, tampouco, casais que estão se iniciando na vida profissional. Lembro-me com saudade da vida no sítio onde nasci. Tínhamos vários empregados que faziam um pouco de tudo. As mulheres cuidavam de nós crianças, da roupa da família, da fabricação de polvilho, farinha de mandioca, sabão de pedra- tudo produto retirado da terra cultivada pelos respectivos maridos. Não havia esse consumismo de nossos dias. À tarde iam para suas casas levando um pouco do tudo também que haviam produzido durante o dia e que garantiam o sustento da própria família. Minha mãe estava sempre supervisionando todo trabalho das mulheres enquanto preparava o almoço para todos. Também nas horas de folga costurava para famílias que lá trabalhavam. Tudo grátis, muitas vezes até os tecidos. Era um trabalho conjunto em que todos saiam ganhando. Todos eram amigos, compadres, enfim pessoas que se respeitavam e que eram unidos por uma sincera amizade. As crianças eram ensinadas a tratar todos os mais velhos com respeito, patrões e empregados. Quando fomos para a cidade estudar não foi diferente. Tínhamos uma moça que me ajudava nos trabalhos de casa, pois meus pais continuavam no sítio e minha irmã já trabalhava fora. Essa jovem era tratada como pessoa da família: alimentava-se de nossos alimentos, usava nosso sabonete e xampus e era monitorada nos trabalhos da escola por nós que estávamos sempre em séries mais adiantadas. Isso sem contar que meu pai comprava todo material escolar também para ela no começo do ano. Quando aparecia um trabalho melhor ou ela por vontade própria decidia sair, não havia brigas nem confusões judiciárias. Por outro lado, quando não correspondia às nossas expectativas ,também a dispensávamos e ia cada um buscar livremente os seus objetivos. Tudo isso me põe a refletir:- será mesmo que estão resolvendo problemas ou mais uma vez estão iludindo pessoas inocentes, deslumbradas com frágeis promessas que estão muito fora de nossa realidade? É importante reconhecer que nem sempre valores monetários prevalecem para nos proporcionar uma vida de amor, paz e harmonia que constitui a verdadeira felicidade. Zilda Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário