sexta-feira, 30 de outubro de 2015

VIDA NO SÍTIO

Miúda, olhos castanhos e amendoados, cabelos também castanhos feitos em cachinhos, pele morena queimada de sol, pesinhos pequenos e delicados, vestidinho de chita colorida feito por sua mãe na antiga máquina que muitas vezes ela teimava em reinar.
Assim era Maria, esperta, travessa, curiosa, amorosa nos seus seis anos de vida.
Todos os empregados do pequeno sítio onde morava adorava essa criaturinha mimosa que vibrava com o nascimento de mais um bezerrinho e chorava quando um animalzinho quebrava a pata ou apresentava qualquer ferimento. Ela o aconchegava no colo e corria esbaforida para mãe que se dividia em dar ordens às empregadas e a sua velha máquina de costura onde preparava as roupas de toda vizinhança;
- Mãããe, mãe, olha o pintinho com a pata quebrada.
A mãe que era também uma pessoa muito bondosa tinha que largar os afazeres para ajudá-la num curativo onde colocavam um palitinho de fósforo e embalavam a perninha quebrada com um pequeno pedaço de retalho. Então ela carinhosamente o tomava nas mãos em conchinha, arrumava uma caixinha e ali ficava cuidando até que o bichinho se recuperasse completamente.
Maria se identificava com cada animal, cada um tinha um nome especial, passava horas acariciando-os ou travando conversas que só ela entendia. Conhecia cada árvore, cada cantinho, cada riacho onde mergulhava os pesinhos descalços, sorrindo de prazer. Maria cheirava flor, Maria misturava-se com o vento que espalhava os cachinhos enquanto corria pela alameda, pelos campos cercados por árvores de copadas coloridas.
No pequeno sítio a vida era tranquila. Sebastião o pai de Maria administrava tudo com o maior cuidado. Tinha os agregados que cultivavam a terra e de lá tiravam o sustento para toda a família.
Um leiteiro que o ajudava a cuidar do gado. O leite da manhã era colocado num caminhão que todo dia buscava para vender na cooperativa da cidade mais próxima, já o leite da tarde era para alimentar a criançada, fazer o queijo e a manteiga e ainda para o preparo de bolos e biscoitos que todos se fartavam.
Não havia o consumismo que se vê nos dias de hoje, tudo se retirava da terra. Somente uma vez por mês Sebastião ia à cidade para trocar o milho pela farinha, beneficiar o arroz, comprar o sal, o toddy das crianças e alguns metros de chita, sinhaninhas, fitinhas de cetim para dona Geralda enfeitar os vestidinhos das meninas que moravam no sítio.
Não fazia diferença das filhas, ela caprichava em todos, como se fossem uma só família.
 Nesse dia Maria e seu irmão Godofredo ficavam acordados até mais tarde a espera da chupetinha açucarada que o pai trazia da cidade.
- Só uma hoje, dizia a mãe- para não dar dor de barriga
Frutas era só querer, apanhava no pomar imenso logo ao lado da casa. Na horta colhiam-se as verduras e legumes fresquinhos, ainda respingados pelo orvalho da noite.
À tardinha os agregados se juntavam perto da bica de água para lavar as enxadas as foices e outros instrumentos usados. Mas, a família após um rápido jantar se reunia no pequeno paiol para preparar o milho para as aves. Tinha de tudo: galinhas, patos, gansos, angolinhas, garnisés. Mal começava a alvorada já era só alvoroço das aves que acordavam cada qual com o seu modo de saudar a madrugada.
Outras vezes era para fazer réstia de cebolas e alhos. Maria, muitas vezes acabava adormecendo e sendo carregada pelo pai. Após um dia de estripulias, acabava dominada pelo cansaço.
RETIRADO DO LIVRO: O perfume das flores que plantei

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poema


                                                                                  


Colhendo estrelas

Fiz estrelas de papel
E as lancei para o céu.
Tocaram os lábios de Deus
E ofuscantes retornaram
Cada qual, com uma mensagem.

Amor, paz, felicidade.
    Fraternidade, Igualdade.
 Honestidade, amizade...
Fui recolhendo uma a uma.

Todos estes sentimentos
Num momento se integravam.
Transbordavam em fragmentos
Que atingiam os corações.

Pura magia!
A alegria expulsando a dor
Só imperando o Amor!

Será sonho ou miragem?
Se for sonho...
Jamais me deixem acordar
Permanecerei nesse deleite
Eternamente colhendo estrelas.
Para o mundo ser melhor.

 Publicada na Antologia da academia de Luminescência Brasileira.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Retirado do livro SE OS PAIS E PROFESSORES DEREM-SE AS MÃOS





ESCOLA: LOCAL DE CRESCIMENTO INTELECTUAL E APRENDIZAGEM

  Um conceito errôneo de escola tem se difundido cada vez mais. Esta ideia de que tem que dar merenda na escola para atrair a clientela é um conceito muito primitivo. Predomina a ideia de que na escola tem que ter muitas diversões, jogos, festas tudo isso para que a criança sinta-se atraída para frequentá-la. Acho que esse é um procedimento que deve ser aplicado com animais irracionais.
  A criança tem que ser formada para a responsabilidade de um dia frequentar a escola, não imbuída de qualquer atrativo, mas com o objetivo de crescer intelectualmente preparar-se para a vida e para a sociedade na qual aos poucos será inserida.
 Essa escola deve ser composta de uma equipe competente, bem remunerada, cada qual na sua escala profissional, voltados com um único e essencial objetivo: formar um indivíduo de forma global com todas as possibilidades de competir e buscar um lugar na história.
A Diretora deve ser uma pessoa, que além dos requisitos culturais, tenha experiência em sala de aula e seja aprovada num processo seletivo.
A coordenadora pedagógica também deve ser uma pessoa com muita experiência em sala de aula para evitar o devaneio de realizações impossíveis que acabem se restringindo ao papel na ânsia de mostrar serviço. Passar por um processo seletivo para então exercer esse cargo que é de muita ajuda e importância no processo educativo.
As professoras, também concursadas, devem aprimorar-se periodicamente para ministrar aulas criativas, dentro do contexto moderno que a criança está acostumada a vivenciar.
A escola terá que resgatar o antigo padrão de respeito, onde os alunos terão normas, exigências, enfim deveres e não somente direitos. A sala de aula deve ser um lugar de silêncio, reflexão, aquisição de conhecimentos onde o professor funcionará como o mediador para o desenvolvimento de todas as potencialidades de seus alunos.
 A merenda é indispensável sim, pois é inadmissível a aprendizagem se a criança não se encontra convenientemente alimentada. A alimentação é a necessidade primordial do indivíduo. Mas, o ideal seria até se essa fosse oferecida num refeitório separado da escola, onde os alunos carentes passariam antes de irem para o ambiente escolar. Ali seriam alimentados, receberiam noções básicas de higiene, como lavar as mãos, escovar os dentes após as refeições e se necessário receberiam uniformes e materiais. Não há necessidade de materiais para todos. Os alunos que possuem condições comprariam o próprio material, de acordo com os padrões pré estabelecidos pela escola. Isso já acontece! Os alunos de melhor poder aquisitivo, fazem questão de comprar mochilas de marca, cadernos, lápis e caneta de acordo com sua escolha.
A quadra de esportes, danças, aulas de informática, músicas tudo que venha acrescentar na evolução e na busca de talentos ocultos, deveriam ser também ministradas em locais apropriados, fora do horário de aulas, principalmente para os alunos cujos pais trabalham e necessitam ser retirados do convívio pecaminoso que a rua oferece.
Pais de alto poder aquisitivo já colocam seus filhos em escolas particulares e se porventura frequentarem as escolas públicas levam já uma rotina diferente de atividades extras: participam de aulas de músicas, judô, balé, natação e outros
Com isso a sala de aula voltaria a ser somente um local de aquisição de conhecimentos, a escola um ambiente de cultura, cujo atrativo seria somente a sede do saber e o crescimento intelectual.
Bem, infelizmente essa é apenas uma ideologia. Quem sabe um dia essa ideia seja acatada e aperfeiçoada!