Um
crime bárbaro está sendo justificado, porque um adolescente vítima de bulling,
se acha no direito de entrar num estabelecimento de ensino e ir atirando
irresponsavelmente nos colegas como se fosse num filme de bang-bang.
Imagine
se todos tomassem essa atitude, como estaria esse nosso mundo, pois quem ainda não
sofreu algum tipo de bulling durante sua vida? Agora qualquer comentário é
bulling, crime!! Acho que é assim que os pais estão educando seus filhos hoje
em dia, não podemos chamar nem mesmo, de forma carinhosa, de pretinha,
baixinha, negão... Tudo é crime, motivo para brigas, processos e agora até
motivos para tirar vidas? Os pais precisam repensarem sobre o tipo de educação
que estão dando aos filhos. Precisamos de Deus mais presente nas famílias, pois
caso contrário, estaremos criando pequenos monstros, capazes de atentar contra
a vida de qualquer um, até mesmo dos próprios pais, que os instigam dessa maneira.
Agradeço
muito meu pai por ter sido rígido em nossa educação. Se procurássemos confusão
na escola, desrespeitássemos professores ou qualquer outra pessoa, em casa poderíamos prepararmos para longas conversas, que eu preferia até apanhar de cinta, tamanha
a seriedade e a responsabilidade que ele colocava em nossas costas e o castigo
que nós três temíamos mais: se não tirássemos boas notas ou lhe déssemos
problema com os vizinhos, com os colegas, na rua ou na escola, voltaríamos para
roça para aprender os serviços braçais. Meu irmão passou por essas célebres
conversas mais que minha irmã e eu. Lembro-me que levei umas cintadas ardidas
por insistir em faltar à escola, por não gostar da professora do pré e isso me fez pegar logo gosto pelos estudos..
Um
professor de Português que também era o padre da Paróquia, quando os alunos
espirravam ele dizia:
-
Deus te crie para o bem, que para o mal tu já nasceste!
E
é verdade! Toda criança saudável é arteira, sapeca, aprende o mal com
facilidade. O papel da família é corrigi-la, aconselhá-la, mostrando o caminho
do bem. Uma religião constitui uma grande aliada, pois na igreja aprenderão a
caminhar segundo os ensinamentos deixados por Jesus, que é o cultivo do perdão,
da tolerância e do amor ao próximo. Com esses valores incorporados nunca irão
cometer atrocidades.
Se
eu fosse tirar a vida de todas as pessoas que me chamaram de baixinha, nem as
pessoas da minha família se salvariam. Mas, encarávamos isso, como já
mencionei, como uma forma carinhosa de ser tratada. Na adolescência foi um
pouco mais difícil, mas mesmo assim eu conseguia tirar de letra. Lembro-me que
na época, no começo do ano era muito esperado o nome do aluno que ficasse na
ordem de chamada, no número 24, coisa que hoje em dia, não seria tão ofensivo,
mas naquela época, todos esperavam temerosos pela gozação de que seriam alvos. Pois
não é que no oitavo ano eu caí no número 24? Todos se voltaram para mim, mas
como sempre fui humilde e amiga de todos, ninguém se atreveu a falar nada.
Porém, um aluno que tinha chegado aquele ano em nossa turma, proferiu uma frase
só, mas de cunho altamente ofensivo para uma menina daquela época. Eu me lembro
bem, que da mesma forma, respondi com uma só frase, mas de tão alto poder
ofensivo que todos se calaram e nunca mais, esse garoto e eu, conseguimos ser
amigos.
Não me orgulho disso, mas resolvi a meu modo e
assim era, se alguém nos colocasse um apelido, nós colocávamos outro pior e no
fim entre crianças, muitas vezes, o apelido nem colava ou outras vezes era tão
engraçado que ela aceitava e tudo terminava bem. Tínhamos, o Xoxo, o Baio,
o Cabeção, o Negão, o Russo, as baixinhas invocadas, que eram duas amigas e eu.
No jornalzinho da sala os apelidos aumentavam e todos riam e aceitavam,
prometendo arranjar outros para a próxima edição. Os desengonçados das novelas
eram os nossos preferidos.
Quando
adulta, comecei a namorar um bonitão, que hoje é meu marido, passei a ser a
feinha para os caboclos da roça, que frequentavam a venda de meu sogro. Para
eles, mulher tinha que ter carne e eu acabei sendo a Olivia Palito. Claro que
ele não me contava, nem precisava, pois existia muita gente que se encarregada
disso. Fiquei sabendo que ele respondeu:
-
Minha namorada é novinha, delicadinha, cheirosinha, bem diferente do brucutu
que é sua mulher, que mais parece uma leitoa.
Pronto!
Para mim tudo ficou resolvido, pois o que me interessava era a opinião dele.
Então,
não estou incentivando ninguém a ser mal-educado, nem ficar colocando apelidos
uns nos outros. O que quero deixar claro é que no nosso tempo, resolvíamos à
nossa maneira, sem agressão física, e a agressão verbal, no caso, se nossos
pais descobriam, ou nos apoiavam como no meu caso acima, eu seria apoiada por
meu pai, que era um homem muito justo, ou então os professores faziam com que
pedíssemos desculpas e tudo acabava por ali mesmo.
Voltando
ao caso do menino, será que seu comportamento não se deve aos pais
policias? Sendo agressivos, apresentando
abuso de poder, falta de amor ao próximo e principalmente no desleixo em deixar
uma arma carregada ao alcance de um adolescente? Quem sabe até dando autorização para o
manuseio? Muito complicado em afirmar alguma coisa. Só mesmo as autoridades
competentes para esclarecer a esse respeito. Mas enfim, coitados! Que Deus lhes
dê sabedoria para lidar com tudo isso, num momento desses.