QUANDO BATE A ANSIEDADE
De
repente senti minha vida ser virada no avesso. Uma visita médica resulta num
amargo diagnóstico de câncer de pele.
Diante
do ar apreensivo da médica mantive a calma e como praticante de yoga e
palestrante de temas motivadores procurei aplicar minhas técnicas para encarar
esse trauma com a maior tranquilidade possível.
Na
pior das hipóteses seria um melanoma e pior ainda já com metástase- estaria
“condenada”. Após o sofrimento horrível aplicado nesses casos para melhorar a
qualidade de vida, a morte iminente. Pensei nas pessoas que ainda precisavam de
mim. Minhas filhas sofreriam e minha irmã também, tive certeza, mas se recuperariam, meu marido também acabaria se casando novamente e eu seria talvez
uma lembrança boa na vida dele (pelo menos merecia, pensei). Algumas pessoas
que eu motivava e praticava com elas meus conhecimentos adquiridos nas aulas de
yoga também sentiriam minha falta, mas não seria insubstituível, conclui. Então
restaram meus gatos – esses dependiam exclusivamente de cuidados, de
minha presença. O Robinho resistiria, mas a Dafne certamente morreria em breve
como o Bingo, cachorro de meu pai.
A
biópsia sairia em uma semana! Cercada de carinho de meus familiares eu me
arrastava junto com os dias que demoravam a passar. Brincava , sorria,
procurava ocupar meu tempo com coisas banais. Não conseguia escrever uma
palavra, nem chorar e muito menos exercer meus trabalhos voluntários.
Uma
noite vi meu marido chorar quando eu disse que eu poderia não ter tempo de ver
meu neto. Mudei de assunto rapidamente. A última coisa que eu queria era fazer
alguém sofrer antecipadamente.
Mas,
isso me levou a concluir que inconscientemente eu estava muito ansiosa. Apesar
do carinho e presença de minha família, do apoio do meu psiquiatra, eu estava
procurando enganar até a mim mesma.
Nessa
mesma noite, no silêncio de meu quarto, resolvi abrir meu coração com Aquele
que é nosso amigo maior e do qual não conseguimos esconder nada.
Olhei
para o crucifixo na parede de meu quarto e disse com o coração:
“Senhor,
acabei de descobrir que estou sendo falsa, orgulhosa e mentirosa. Eu estou com
muito medo do sofrimento, estou sim pensando no estado deprimente que é uma
pessoa que faz quimioterapia- eu não quero morrer ainda, Senhor, apesar de toda
a fé que eu tenho em meu coração eu estou duvidando que Vós estejais a cuidar
de mim. Afinal, tem tantas pessoas muito mais precisadas talvez.”
Foi
então que comecei a chorar. Imaginei-me deitada no colo de Deus e Suas mãos
santas afagando meus cabelos. Foi uma sensação muito forte. Eu falava que
talvez não merecesse que era uma pecadora, que tinha muitos defeitos... Sentia
apenas o leve toque de suas mãos.
Foram
instantes indescritíveis. Rompeu-se o choro e cai no sono. Acordei bem melhor,
por não estar mais fingindo. Consegui fazer com mais honestidade a atividade da
aceitação e entrega. Não tem nada mais consolador. Inspirava profundamente
dizendo: Senhor eu aceito tudo que me for designado e ao expirar eu dizia: Senhor
eu me entrego em Vossas mãos misericordiosas. Que seja feita a Vossa vontade.
Agora
os dias passavam mais rápidos na minha mente, ninguém mais tocava nesse assunto
em casa.
Fui
retirar os pontos e nada ainda- o resultado não havia saído. Respirei fundo e
aceitei de coração.
Após
o terceiro dia da retirada dos pontos eu lembrei-me que era o dia de meu
trabalho voluntário. Senti- me vazia- não sabia o que deveria dizer para animar
alguém- Eu que sempre era tão eloquente.
"Mas
vou tentar", pensei. Seja qual for à resposta serei útil até o último momento. Sentei-me
para ligar ao pessoal que chegaria dentro de minutos. Antes que eu tocasse no
telefone ele tocou e uma voz do outro lado disse:
-
Boas notícias, nada de grave. Apenas um carcinoma basocelular. Tudo está concluído,
não será necessário tratamento, apenas a retirada do tumor que já foi concretizada. Todos aqui estão muito felizes.
Desliguei
e disse apenas:- Obrigada, meu Deus. Sabíeis de meu desejo e o realizastes.
Louvor e glória a Vós, Senhor!
Só
depois que voltei do trabalho, sozinha no meu quarto pude abrir novamente meu
coração e ter outra conversa íntima com Deus num agradecimento emocionado e sincero. Ele
sabe de todas as necessidades, não é necessário ansiedade, medo, desespero. Se
tiver fé, se entregue nas mãos Dele.
Quando bater a
ansiedade abra seu coração e converse intimamente com Deus.
Oi Zilda.
ResponderExcluirTudo bem com você?
Espero que sim.
Beijos
Que lindo depoimento Zilda!
ResponderExcluirA fé te curou! Grande abraço
Obrigada pela visita, Eneci!
ResponderExcluirAgora tudo bem sim!
Beijos e volte sempre.
Odete!!!Como fiquei feliz com sua visita!!
ResponderExcluirObrigada por me incentivar sempre. Seus comentários são preciosos para mim, amiga.
Beijos e volte sempre.